Relato de atividade em sala de aula

OLHARES CRÍTICOS

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10/12/2009
Língua Portuguesa
Ensino Fundamental - Anos Iniciais
125
ELLEN ROSENBLAT
SANTA CRUZ COLEGIO | SP | São Paulo | Privada





A apresentação teve como propósito proporcionar a fruição estética de uma produção cultural e a troca de experiências sobre a mesma a fim de possibilitar a construção e o refinamento de critérios para leituras (mais) críticas de produtos artísticos com os quais os alunos têm contato. Além disso, desenvolver o interesse dos mesmos pela apreciação de produções cinematográficas que circulam fora do circuito comercial.

1ª atividade: levantamento das experiências dos alunos relacionadas ao universo cultural. Numa conversa informal, falamos sobre experiências relacionadas ao lazer cultural (o que já foi definindo o escopo do projeto); nesse mesmo dia, foi feito o contrato didático, ou seja, combinamos o que fariam, com que finalidade e negociamos o cronograma do trabalho. 2ª atividade: leitura de uma resenha para construção inicial (provisória) de uma definição de resenha crítica, com foco em sua função social e características discursivas. 3º atividade: audição de um comentário crítico veiculado numa rádio sobre um filme em cartaz, seguido de levantamento dos elementos avaliados. 4ª atividade: leitura e exercício de compreensão de uma resenha crítica sobre livro infanto-juvenil, seguida de análise dos elementos avaliados e dos recursos de linguagem empregados. 5ª atividade: leitura de uma resenha crítica, publicada em jornal de grande circulação sobre filme em cartaz, seguida de análise dos elementos avaliados e recursos de linguagem empregados. 6ª atividade: Projeção do curta "HISTORIETAS ASSOMBRADAS (PARA CRIANÇAS MALCRIADAS)", do Porta Curtas Petrobrás, seguida de discussão com foco na compreensão do texto e levantamento de elementos que valeriam a pena comentar. 7ª atividade: produção escrita de uma resenha crítica sobre o curta "HISTORIETAS ASSOMBRADAS (PARA CRIANÇAS MAL-CRIADAS)". 8ª atividade: leitura de textos exemplares e revisão das produções.

Quem nunca ouviu um aluno questionar-se sobre o significado e aplicabilidade do que aprende na escola? Ou que a vida fora dela é mais interessante do que passar horas fazendo lições, respondendo questões fechadas, escrevendo para o professor ler, avaliar e arquivar? Nesse sentido, ouvir rádio na aula, ler suplemento de jornal, assistir ao filme e escrever para publicar o texto no jornal da escola (ou exercitar-se para estar mais apto a fazê-lo) foram experiências que possibilitaram (re)significar a relação entre a aprendizagem escolar e a vida cultural fora dela. Os comentários dos alunos em todas as etapas do projeto mostravam que estávamos no caminho certo. Na discussão sobre o curta, não se limitavam a qualificar o filme como legal ou chato; mas buscavam formas cada vez mais sofisticadas para fazerem suas apreciações. Alguns exemplos: "O filme é engraçado, porque ninguém espera uma avó desse tipo, que gosta de assustar a neta. Isso é diferente!"; "A voz dessa mulher parece de homem! É uma voz cansada." (comentário que nos fez buscar nos créditos os nomes das pessoas que dão voz às personagens e depois, na Internet, informações sobre elas.); "Esses desenhos parecem de sonhos." (aprenderam aí o que quer dizer onírico); "Como eles conseguiram juntar massinha com desenho de computador?" (E falamos sobre técnicas de animação); "O desenho da história do Boitatá lembra o do filme A noiva cadáver". (E fomos conferir.) Muitos desses comentários estão presentes nas resenhas críticas que os alunos escreveram, prevendo como interlocutores leitores do jornal da escola. Nota-se que depois dessas atividades, os alunos tinham o que escrever e boas noções sobre como escrever. Muito se construiu, também, durante a própria escrita e momentos de revisão. (Esses textos podem ser disponibilizados para publicação.) O interessante é que comentários sobre outros filmes e livros têm chegado com outra qualidade. "Bingo!"